a minha redacção ia começar com: há... e dela não vou fugir: há, de facto, uma forma de avaliar o quão felizes somos nós? há? se há... não sei. sei apenas o que sinto. e o que sinto é, cada vez mais, isto:
vivo aqui e agora e nada disso percebo
vivo o teu futuro, o teu presente e o teu passado, vivo-te sem isso querer
vivo à minha custa, à tua custa, custe isto o que custar
vivo sem fé, sem rumo, sem determinação
sem vontade de ir e de voltar (até isso me tiraram, até isso me deixei tirar)
vivo convicto das coisas todas; tenho amor para dar e vender;
vivo cheio de portugalidade, por um curso de água vivo e faço morrer.
vivo cheio de dores: cotovelos, ombros, anca e coração.
vivo cheio de rancores: sem mim nada foste senão um ião.
vivo cheio de recordações: sou ainda aquela criança entediada,
nos teus braços, contigo sou, a criatura a quem o mundo diz: nada.
não me apetece rimar mais
rimar mais a mim não apetece
questões destas são tão fulcrais
como o sol quente que me arrefece
tenho, e as pessoas mais directamente envolvidas na questão disso sabem, a plena noção de que não estou a viver no exacto tempo e espaço aquilo que destinado me é. os dias passam, os dias seguem-se, os dias sentem-se, caralho, os dias sentem-se, e eu, cada vez mais, tenho a sensação de que estou a gastar os meu dias no espaço errado. é cada vez mais claro que: ESTE NÃO É O MEU SÍTIO.
não sei onde fica, não sei onde é mas eu sei, e sinto, eu simplesmente NÃO SOU DAQUI.
não sei explicar isto melhor.
tentando apurar a explicação; o mais próximo que consigo é: A MINHA VIDA ESPERA-ME ALGURES.
uma das coisas mais maravilhosas que me aconteceu foi ter estado muito por dentro de um espectáculo chamado: Aguantar, um espectáculo do Cão Solteiro e nesse espectáculo havia a citação à seguinte frase do Octavio Paz: "eu não dava a vida pela minha vida". isto sempre me tocou, sempre nisso encontrei verdade. ainda hoje o sinto.
eu não dava a vida por esta, minha, vida.
é um luxo, eu sei, ter esta minha vida.
conquistei coisas, estou rodeado de gente, faço/fiz coisas e tenho, no que ao amor concerne, onde me focar.
mas é terrível assumir isto, sinto que nada disto é meu. sinto-me tão profundamente só. sinto-me a começar e sobretudo: sinto que a minha vida me espera noutro lugar.
onde? não sei. com quem? não sei. porquê? não sei. mas sei que não sou feliz...
e outra questão vem: ser feliz é?
resposta: não sei!
talvez ser mais feliz seja não findar a questão.
ou talvez ser feliz o seja.
inquieto, sigo, o trilho da felicidade.
já fui mais e já fui menos...
mas feliz não sou...
começo a perguntar-me se deixar de nisso pensar em algo ajuda...
ser feliz é, percebo até, é ser livre e disso eu pouco percebo.
ser livre é a coisa mais difícil e errática do mundo.
onde estás tu, felicidade?
Friday, October 26, 2012
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