ipodonan

Tuesday, January 22, 2008

começou a jardinagem












Jardim
(fitando a audiência) Conheces aquela teoria que defende que quando estamos a dormir abandonamos o nosso corpo e derivamos para outro local? Certamente já ouviste falar. Foi o judaísmo que inaugurou e defendeu, primordialmente, essa premissa. No Islão existe, igualmente, a mesma crença. Segundo os islâmicos, quando estás a dormir, a tua alma deposita-se nas mãos de Alá. Ali permanece durante todo o teu sono. Se Alá a reclamar para si morrerás e não regressarás à vigília. Se ele adiar essa decisão, então, devolver-te-á à vida e far-te-á acordar.
Há, entre os praticantes de viagens e projecções astrais, quem defenda que o grande responsável pela cisão entre a tua alma e teu corpo durante o teu sono é a Lei de Coulomb. Segundo Coulomb o módulo da força entre duas cargas eléctricas punctiformes é directamente proporcional ao produto dos valores absolutos das duas cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre elas. Esta força tanto pode ser atractiva como repulsiva, dependendo do sinal das cargas. É atractiva se as cargas tiverem sinais opostos. É repulsiva se as cargas tiverem o mesmo sinal. Ora, dizem os especialistas em viagens e projecções astrais, quando adormeces esta lei toma conta de ti e surte o seu efeito, assumindo o controlo do todo o teu ser. Porque quando adormeces o teu corpo entra em relaxamento e a intensidade das tuas ondas cerebrais desce drasticamente. Isso vai alterar a polaridade magnética do teu corpo; normalmente o teu corpo tem uma carga mais negativa mas, durante o teu sono, isso vai inverter-se e ele vai passar a ter uma carga positiva. A tua alma, por outro lado, tem uma polaridade positiva constante. Assim, quando a intensidade das tuas ondas cerebrais se altera, durante o teu sono, tanto o teu corpo como a tua alma se apresentam com polaridades positivas. É aí que entra a Lei de Coulomb. E acontece exactamente isso que estás a pensar. Ambos, corpo e alma, o teu corpo e a tua alma, se vão repelir. Neste cenário de repulsa a tua alma vai manifestar uma natural inclinação para abandonar o teu corpo e vai acabar por fazê-lo efectivamente.
Já percebeste então o que estou a querer dizer-te? Sim, este é o espaço para onde a tua alma, ou, se quiseres, a tua psy-khé, o teu eu consciente, o teu ser vivente, o teu yang, o teu atman ou, simplesmente, a tua mente, vem. É para aqui que vens no preciso momento em que adormeces e exactamente antes de acordares. É por aqui que passas quando partes para os sonhos e quando regressas deles. É aqui que deixas os resíduos do mundo real e do onírico. E esses resíduos são o que aduba este jardim. Esta é a tua passagem, secreta, apenas tua, ou melhor: era a tua passagem. O que agora vês é apenas o cenário da tua ausência.
excerto de "apenas jardim".
estreamos a 13 de março.
a aventura jardinesca ainda agora começou.
haja força e adubo, em nós, sobretudo em mim, para esta jardinagem.

1 comment:

MárioZamora said...

YES! Ganda gemada* que práqui vai. Estou ainda mais fã! Pessoa havia de gostar de te conhecer :)

* http://leftside-ofmybrain.blogspot.com/2008/01/poemas-no-gosto-de-quase-nenhuns-mas.html


M.