ipodonan

Tuesday, May 16, 2006

farewell Elisa promenade

o terçolho está menor, ainda dói, mas, em todo o caso, não foi por isso que acordei. acordou-me o sonho e o barulho da folha de papel a arrastar-se, sobre o tapete, à porta do quarto (eram um quarto para as oito). dormi quatro horas e meia, não consegui dormir mais; não o lamento, hoje não o lamento.
a folha estava lá; vi-a quando decidi levantar-me para vir escrever; era um recado da rosa, por causa do dinheiro. ai, o dinheiro.
o sonho:
a H., que não é de todo actriz, estava a fazer um espectáculo sobre a sua ligação com o A.. a D. entrava no palco e, qual espectro, seguia a H. durante toda a acção; invadia-lhe o palco e deixava-se ficar, em silêncio, porque a ligação de H. a A. foi, como toda a gente sabe, uma terrível facada para D..
este sonho fez-me perceber uma série de coisas; levou-me, de novo, a Elisa. god, Elisa voltou e foi em força. este sonho fez-me perceber muita coisa; sobretudo a questão da espectralidade, o registo suspenso, o filtro onírico. é por aí, é por aí que Elisa tem de ir. é incrível que tenha sido através de um sonho, com uma das pessoas que mais amo na vida, que Elisa, essa mulher que me tem obcecado nos últimos meses, que vai e volta e que ainda não tem a consistência suficiente para que eu a escreva de fio a pavio, tenha voltado.
a espectralidade não é exactamente de Elisa, é de Ele. Elisa torna-se um espectro quando conferencia com Ele. mas Elisa não estará mais com Ele. na verdade, penso que Ele já estará morto. Elisa conferencia com um espectro, daí a sua grande perturbação. Elisa ficou presa na frescura interrompida da sua juventude, é por isso que não consegue ser agora Elisa.
o sonho trouxe-me de volta Elisa e o nome da obra. valeu a pena dormir pouco, hoje valeu a pena dormir pouco. hoje começa, em ganas e fúria, neste ataque concreto e profícuo de maníaca ansiedade primaveril (síndroma que cada vez estou mais certo possuir), a obra: Farewell Elisa Promenade.
ainda bem que voltaste, Elisa. não vou deixar-te partir de novo.
(este verde rima com promenade) é primavera, senhores, e eu não páro!

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