Descreve-me como aquele que tem o fascínio lento pelas multidões e cujas plantas dos pés são feitas de vidro fosco.
Brinda-me como aquele que coseu a boca por dentro e escondeu o coração por detrás das pálpebras.
Retrata-me como aquele que sorri enquanto dorme e armazena sirenes que não existem para poder encarar o sono de frente.
Ri-me como aquele que apenas vive dentro de si e que descobre sempre em todas as palavras o sentido contrário do mundo.
Espalha-me como aquele que saliniza beijos no ar e que encontra na diáspora uma fuga perpétua para o próprio tédio.
Soma-me como aquele que ruge em cada manhã e volta sempre a cair nessa letal ideia do fim do dia.
Convoca-me como aquele que verbaliza dispersões, sussurra com a voz que calha e sedimenta alegorias.
Realiza-me como aquele tropeça dentro das próprias quedas e que ritualiza a neura como se de arte se tratasse.
Publicita-me como aquele que ainda não inventou a capacidade de se desinventar.
Sunday, December 19, 2004
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