ipodonan

Wednesday, November 17, 2004

valquírias ou a minha sede de hidrofel

13:12

quero valquírias já
porque eu não sei o que são valquírias, sei que são flores
e isso basta-me para as querer.
quero valquírias já, nos pés e archotes na boca.
quero valquírias já, nas mãos, e pedaços de chuva frutada nos olhos
para eu poder banhar o próximo que vier.
quero bocejos de valquírias já, enquanto eu adormeço e permaneço,
eu que sou o mote para tudo e para nada e que não aprendo a viver com isso.
quero o sossego e a serenidade de uma presença secular e pouco arbitrária.
quero a imposição do momento em que duas mãos se roçam,
provocando o festim das romãs que explodem noutro continente.
enquanto eu vejo o meu dia acabar, confundo-o com toda a minha vida, e
quero voltar a nascer para poder perder de novo a oportunidade de ser perfeito.
quero valquírias já
porque eu não sei o que são valquírias, sei que são flores,
que rimam com tumores e amores.
e isso basta-me para as querer ver morrer.



valquíria
do Escand. ou ant. Al. walkyria < wal, matança + küren, eleger
s. f.,
cada uma das três deusas de categoria inferior, na mitologia escandinava, mensageiras de Ódin e que, pela sua formosura, incitavam os heróis na guerra, serviam hidromel aos que morriam em combate e recolhiam-nos.


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