e, assim, disse eu ao poema:
- Vem, surge-me, aparece-me esta noite,
na tua tão mais última e verdadeira soma plena.
e, sem ainda o ter, prossegui:
- Mansamente, tem-te, desenha-te, acontece-te,
decorre-te, usa-me, veste-me as pontas dos dedos com o mais preciso de ti.
e, sem contenção, mais ainda lhe disse:
- Letra a letra, faz deste homem, de mim,
a insignificante folha em branco onde a poesia teve a sua meninice.
e o poema respondeu,
e de si poema saíram bestas, suspensões do tempo, alicerces e
as verdadeiras razões para no mundo haver tantas esperas.
e ele-poema apenas foi isto:
e aprende-se mais do mundo
quando,
de alto a baixo,
se rasgam feras.
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